CURIOSIDADES


Um buraco no centro da Via Láctea

Um time de astrônomos franceses e norte-americanos divulgou em novembro de 2004 ter detectado a existência de um buraco negro no centro da Via Láctea. Se a descoberta for referendada, o IRS 13E, como foi batizado, será o segundo corpo do tipo em nossa galáxia. O novo objeto tem o equivalente a 1300 vezes a massa do Sol – parece grande, mas não chega a ser fenomenal para formações do tipo.

Buracos negros nascem a partir de um corpo celeste que desaba sobre si mesmo por causa da gravidade. Sua força é tão intensa que nem a luz escapa à atração, o que complica até mesmo a tentativa de comprovar que ele realmente existe – afinal, ele é totalmente escuro. Para driblar a dificuldade, cientistas liderados pelo astrônomo francês Jean-Pierre Maillard, do Instituto de Astrofísica de Paris, monitoram o movimento de sete estrelas localizadas no centro da galáxia. "Ao analisar o movimento delas, os pesquisadores concluíram que deveria haver um objeto massivo – ou seja, um buraco negro – orquestrando a órbita. Desconfia-se também que o aglomerado já engoliu uma série de estrelas e foi bem maior no passado", afirma Duilia de Melo, astrônoma brasileira, da Nasa.

O primeiro buraco negro na Via Láctea foi descoberto há quatro anos. Calcula-se que ele esteja a 26 mil anos-luz daqui (cada ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros) e tem cerca de 4 milhões de vezes a massa do Sol.


A Via Láctea perdeu as irmãs?
Imagens obtidas pelo telescópio espacial Hubble parecem indicar que as galáxias dotadas de braços espirais estão sumindo do Universo.

Galáxias dotadas de braços espirais como a Via Láctea, raras no Universo atual, já foram bem mais comuns, talvez porque o Cosmo esteja envelhecendo e não produza mais estrelas como antes. Essa romântica sugestão acompanha uma imagem obtida pelo Telescópio Espacial Hubble onde se vêem os mais longínquos aglomerados de galáxias, distantes 4 bilhões de anos-luz (1 ano-luz mede 9,5 .trilhões de quilômetros).

Pinceladas de tons azuis, indicativos de estrelas jovens, as espirais nesses aglomerados são em proporção de até 30%, contra a média atual de 5%. A idéia é que muitas espirais, após gerar sua cota de estrelas, se transformam em galáxias elípticas. Estas não são planas, nem têm braços - são gordas como melões. Nem todos apostam nessa teoria e há quem diga que pode ocorrer o oposto: as galáxias elípticas tomarem-se espirais. Mas se o Hubble mantiver seu bom "trabalho, a resposta pode não demorar".


A Via Láctea cercada por raios gama

Basta olhar bem para notar. Está lá: o halo azulado que envolve a Via Láctea, nas imagens captadas pelo observatório orbital Compton, são raios gama — a mais poderosa forma de radiação eletromagnética (veja acima). Astrônomos americanos, liderados por Dave Dixon, da Universidade da Califórnia, usaram uma nova técnica de análise de imagens para reexaminar as fotos batidas pelo satélite da Nasa no início da década. E viram a auréola de energia. Ela é composta de fótons (partículas de luz) com pelo menos 1 bilhão de vezes a energia de um raio de luz visível. Os astrônomos ainda não detectaram o que possa estar produzindo fenômeno tão violento. A esperança deles é desvendar o mistério por meio dos novos telescópios orbitais observadores de fontes de raios gama.


Novos planetas na Via Láctea
Astrônomos que divulgaram a notícia da existência de um novo planeta na constelação de Sagitário se retrataram após refazer seus cálculos.


Os astrônomos estão agitados, nos últimos meses. Antes de mais nada, porque não existe o planeta supostamente encontrado no ano passado em torno do pulsar PSR 1829-10, situado na constelação de Sagitário, a 30 000 anos-luz da Terra (um ano-luz mede 9,5 trilhões de quilômetros). A notícia havia causado impacto porque os pulsares são estrelas superdensas, formadas depois que um astro comum implode, ao fim de seu ciclo vital; era difícil imaginar como um planeta sobreviveria em ambiente tão hostil. Em todo caso, o anunciado planeta seria o primeiro localizado fora do sistema solar (SUPERINTERESSANTE, ano 5, número 10).

Para surpresa geral, porém, os autores da possível proeza, liderados pelo inglês Andrew Lyne, se retrataram após refazer os cálculos. Eles haviam medido um suspeito vai-e-vem na posição do pulsar, como se um planeta, girando à volta do pulsar, o puxasse de um lado para o outro. Na verdade, esclareceu Lyne, o vai-e-vem refletia a mudança de posição da própria Terra ao passar de um lado para outro do Sol, no decorrer do ano. Apesar do final frustrante, nesse primeiro round, o método de Lyne levou, no meio tempo, à identificação de um novo pulsar oscilante, sacudido pela atração de no mínimo dois planetas. Designado pela sigla PSR 1257+12, o astro situa-se na constelação de Virgem, a 1600 anos-luz, e está sendo estudado pelos americanos Aleksander Wolszczan e Dale Frail. Dessa vez, acredita-se, não há erro: a oscilação do pulsar é tão complexa que não poderia ser confundida com os movimentos da Terra.


Ioiô em órbita
A próxima missão do ônibus espacial será gravar um vídeo mostrando todos os movimentos possíveis de um ioiô em gravidade zero.

A próxima missão do ônibus espacial reserva uma tarefa das mais difíceis aos astronautas: gravar um vídeo mostrando todos os malabarismos possíveis de um ioiô em gravidade zero. A intenção é despertar o interesse das crianças pelo espaço.

Táxi espacial
Protótipo de novo veículo espacial que servirá de apoio para a nave principal já está pronto. O objetivo é levar mais pessoas ao espaço e dar mais mobilidade de deslocamento.

A Companhia Lockheed de Desenvolvimento Avançado acaba de construir o protótipo de um novo veículo espacial reutilizável, o HL-20. Dez vezes mais leve e quatro vezes menor que os ônibus espaciais, o novo veículo será, em comparação com a Discovery e suas irmãs, uma espécie de táxi. Desenvolvido sob encomenda para a NASA, o HL-20 não será concorrente dos ônibus, pois funcionará como um transporte adicional para os astronautas das estações espaciais.

A empresa já tem pronto um protótipo deste engenho, especialmente dedicado aos serviços de inspeção e reparos em satélites, acertos de órbitas e expedição e retorno à Terra de cargas úteis. A pequena nave, que até o final desta década estará voando pelos céus, poderá transportar oito passageiros mais dois tripulantes, junto com uma pequena quantidade de cargas.


Telescópio de 36 olhos
Telescópio instalado no Havaí tem 36 espelhos de meia tonelada cada um para registrar fatos inéditos do espaço.

Trinta e seis espelhos de meia tonelada cada um, em forma de hexágono, é o truque que o telescópio Keck, instalado no Estado americano do Havaí, já está usando para se converter no campeão de sua categoria. Basta comparar o diâmetro total de seus espelhos, 10 metros, com o do Hubble, 2,5 metros. É certo que, por estar no espaço, livre da interferência da atmosfera, o Hubble pode ver melhor. Mas o Keck implanta uma tecnologia vencedora em telescópios ópticos (que focalizam luz em oposição a rádio, calor e outros gêneros de radiação).

Seus espelhos são mais baratos e mais fáceis de construir e de polir do que, por exemplo, o espelho único do telescópio de Monte Palomar, de 5 metros de diâmetro. Para agir como peça única, tais espelhos são móveis e se ajustam eletronicamente à posição correta. Assim, podem superar a limitação dos instrumentos não orbitais, instalados em terra. Idealizador do Keck, o astrônomo Jerry Nelson, da Universidade da Califórnia, acredita que, como o Hubble, ele será capaz de enxergar o objeto mais distante possível - o próprio Big Bang, a explosão que deu origem ao Universo.


O brilho (ainda) oculto do Sol
Testes feitos na Itália estão tentando descobrir a intensidade da luz e do brilho do Sol.

A idéia de que o Sol se apagou é menos absurda do que parece. Para brilhar, o Sol transforma hidrogênio em hélio, os dois átomos mais simples da natureza, por meio de uma reação nuclear que gera dois resíduos extremamente abundantes. O primeiro resíduo é a luz cuja existência não se questiona. O segundo, no entanto, é uma partícula subatômica de nome neutrino que há vinte anos ilude físicos e astrônomos. A última tentativa de captá-lo foi feita pelo Gallex, um grande detector construído sob os Montes Apeninos na Itália.

Registraram-se apenas 62% das partículas esperadas. Como não se duvida da existência dos neutrinos, pois há cinqüenta anos são observados em reações nucleares, já houve quem imaginasse defeitos variados no motor nuclear do Sol. Seu brilho, de fato, só seria afetado um milhão de anos após uma pane eventual - a única diferença perceptível seria uma queda no fluxo de neutrinos. Mas já não se pensa assim.

O mais provável é que os detectores, até hoje, captassem apenas uma parte das partículas, por exemplo, as de maior energia. Com sensibilidade para baixa energia, o primeiro teste do Gallex ampliou as contagens de 30% para 60% dos neutrinos previstos. Mas ainda não se sabe onde se escondem 40% deles.


O retorno de Vênus, com sua cobertura de nuvens, enche de luz as tardes da Terra
Planeta retorna ao céu vespertino, ao lado do Sol, com brilho muito intenso.

Vênus retorna ao céu vespertino, aumentando o fascínio do anoitecer. Seu brilho é tão intenso que mesmo os indígenas brasileiros, que não criaram uma Astronomia sofisticada, reservaram a ele um nome próprio: Tainacã, estrela grande, para os carajás (veja Astronomia do Macunaíma, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Ed. Francisco Alves, 1984). Entre os povos antigos que tinham conhecimento avançado de Astronomia, poucos não se deram conta de que, quando a "Estrela Vésper" não aparecia à tarde, a "Estrela Matutina" era visível ao amanhecer.

Observações metódicas, em seguida, levaram à conclusão de que ambas eram o mesmo astro - Vênus, o único astro, além de Mercúrio, que nunca é visto no meio da noite. No século III a.C, o grego Ptolomeu criou um modelo planetário com o Sol ao centro, no qual esses planetas se encaixavam naturalmente em órbitas internas (isto é, mais próximas do Sol, comparadas à órbita terrestre). Por isso, Vênus e Mercúrio têm fases como a Lua, descobriu o sábio italiano Galileu, no século XV.

No modelo planetário em que a Terra é o centro do Sistema Solar, as fases não podiam ser explicadas. Com uma pequena luneta, este mês, vê-se Vênus como ínfima Lua quase cheia. Com o passar dos dias, o planeta toma a forma de um crescente, tanto mais brilhante quanto mais se aproxima da Terra. O alto brilho de Vênus vem do fato de ser coberto por nuvens que refletem 77% da luz recebida do Sol (o que torna bem escura a paisagem venusiana junto ao solo). No caso da Terra, a fração de luz refletida é de 39%, e no da Lua, apenas 10%. Ao lado de Vênus, a Lua pareceria uma morena-jambo junto a um alemão bem loiro.


Na mira, cometa e lua de Saturno
A NASA e a ESA lançarão nos próximos anos duas sondas espaciais para investigar a possibilidade da existência de formas elementares de vida fora da Terra.

Duas sondas espaciais planejadas pela agência espacial americana NASA com colaboração européia pretendem investigar a possibilidade de formas elementares de vida fora da Terra. Uma delas, a CRAF (sigla em inglês de Encontro com Cometa e Sobrevôo de Asteróide). terá como principal equipamento de, pesquisa um perfurador de 1,5 metro de comprimento para analisar o material que compõe o núcleo de um cometa. Ao contrário das sondas que analisaram o Halley com sobrevôos rápidos em 1986, a CRAF deverá acompanhar um cometa, ainda não definido, durante vários meses e, de passagem, observar um dos asteróides existentes entre Marte e Júpiter. A previsão que os cientistas fazem atualmente para o lançamento é 1995.

A outra sonda, Cassini, concebida pela Agência Espacial Européia (ESA), é parecida com a CRAF, mas levará instrumentos diferentes. Se for lançada em 1996, como se espera, deverá pousar em Titã, uma das luas de Saturno, em 2002. Assim poderá estudar a atmosfera desse satélite, composta principalmente de nitrogênio, além de descobrir se há água em sua superfície. O ambiente de Titã pode ser muito parecido com o que se supõe ter existido na Terra durante o aparecimento das primeiras formas de vida há 4 bilhões de anos.