Se o núcleo da Terra esfriasse, o que aconteceria com a superfície terrestre?
Sua superfície se estabilizará por completo, não havendo mais terremotos e vulcões.
A teoria do Big Bang, a mais aceita para explicar o surgimento da Terra, diz, entre outras coisas, que o planeta era uma imensa bola quente há bilhões de anos, e com o passar do tempo vem se resfriando de fora para dentro. Entretanto, os núcleos - o interno, sólido, e o externo, líquido - apresentam temperaturas altíssimas. Para se ter uma idéia, no âmago do núcleo interno, por exemplo, calcula-se que a temperatura seja de 6.600 graus Celsius. De acordo com o Big Bang, a tendência é a Terra se resfriar por inteiro daqui a alguns milhões de anos. Calcula-se que esse fenômeno já tenha ocorrido com a Lua. Caso o fato se repita com o nosso planeta, sua superfície se estabilizará por completo. Atualmente, a Terra é composta de imensas camadas que se sobrepõe umas às outras, como uma imensa cebola. "As mais superficiais estão em constante movimento devido ao calor existente nas camadas mais internas do núcleo. Com a estabilização da temperatura, esses movimentos cessariam e, consequentemente, os terremotos e vulcões praticamente desapareceriam", explica a geofísica Márcia Ernesto, do Instituto Astronômico e Geofísico, da Universidade de São Paulo.
O núcleo externo da Terra é constituído de ferro derretido, praticamente líquido. Quando ele gira, junto com o movimento de rotação, o atrito com a área sólida formada por rochas faz com que se formem redemoinhos que parecem cilindros (veja em cima, à direita). As cargas elétricas que correm nos cilindros formam o campo magnético.
Satélite velho pode sumir na atmosfera
O que ocorre com os satélites depois que eles deixam de funcionar?
Os satélites podem ter dois destinos depois que termina seu tempo útil. Os de órbita mais baixa (até uma altura de 700 quilômetros) são puxados pela gravidade e engolidos pela atmosfera terrestre, desintegrando-se devido ao atrito. Apenas alguns pedaços mais resistentes atingem a Terra. "Mesmo assim são pedaços de até 40 centímetros de diâmetro", conta o engenheiro indus-trial Otávio Durão, do Instituto Na-cional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos, São Paulo.
Os que voam mais alto (36 000 quilômetros de altura) não são atraídos pela gravidade terrestre. São, então, realocados para uma faixa na qual não atrapalham os que estão em atividade, formando o lixo espacial. É o caso dos satélites americanos Landsat, do número 1 ao 4. "Já existem centenas de naves circulando pelo espaço sem utilidade", diz Durão.
Sua superfície se estabilizará por completo, não havendo mais terremotos e vulcões.
A teoria do Big Bang, a mais aceita para explicar o surgimento da Terra, diz, entre outras coisas, que o planeta era uma imensa bola quente há bilhões de anos, e com o passar do tempo vem se resfriando de fora para dentro. Entretanto, os núcleos - o interno, sólido, e o externo, líquido - apresentam temperaturas altíssimas. Para se ter uma idéia, no âmago do núcleo interno, por exemplo, calcula-se que a temperatura seja de 6.600 graus Celsius. De acordo com o Big Bang, a tendência é a Terra se resfriar por inteiro daqui a alguns milhões de anos. Calcula-se que esse fenômeno já tenha ocorrido com a Lua. Caso o fato se repita com o nosso planeta, sua superfície se estabilizará por completo. Atualmente, a Terra é composta de imensas camadas que se sobrepõe umas às outras, como uma imensa cebola. "As mais superficiais estão em constante movimento devido ao calor existente nas camadas mais internas do núcleo. Com a estabilização da temperatura, esses movimentos cessariam e, consequentemente, os terremotos e vulcões praticamente desapareceriam", explica a geofísica Márcia Ernesto, do Instituto Astronômico e Geofísico, da Universidade de São Paulo.
O que há no centro da Lua?
Até hoje não se tem certeza sobre o que existe no núcleo da Lua. Pesquisas mostraram que o conteúdo, provavelmente, é líquido, composto principalmente de ferro.
Como as inversões não ocorreram em períodos regulares não é possível prever quando será a próxima. Existem ainda varia- ções menores na orientação do campo. Ele tende a sofrer pequenos desvios para oeste. Uma das explicações é que o núcleo central da Terra é sólido. Por isso ele anda mais devagar que a camada externa fluída, freando ligeiramente o movimento e provocando um pequeno desvio.Até hoje não se tem certeza sobre o que existe no núcleo da Lua. Pesquisas mostraram que o conteúdo, provavelmente, é líquido, composto principalmente de ferro.
Quando a Terra gira torna-se um imenso ímã
Como se forma o campo magnético da Terra?
É verdade que os pólos magnéticos norte e sul se invertem com o tempo?
"No interior da Terra, entre 2 900 e 5 200 quilômetros de profundidade, há uma camada de fluido constituída principalmente por ferro", explica o geofísico Igor Pacca, do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo. Com o movimento de rotação do planeta o fluido também roda. Como a parte mais externa do globo é constituída por rochas sólidas, há um atrito entre as duas camadas, fazendo com que o fluido gire formando espirais (veja infográfico). As correntes circulares que se formam comportam-se como os fios de um dínamo nos quais as cargas elétricas correm em círculo. Sempre que há cargas caminhando numa mesma direção forma-se campo magnético. É assim que a Terra transforma-se em um imenso ímã.
O campo tem sempre uma orientação, que se convencionou chamar de norte. Apesar de o norte magnético não coincidir exatamente com o norte geográfico, a diferença entre eles é pequena. Mas nem sempre foi assim. Estudos recentes de re- síduos magnéticos em rochas e no solo dos oceanos mostraram que o campo magnético a Terra já teve sua polaridade invertida pelo menos 170 vezes em 100 milhões de anos. A última de- las aconteceu há cerca de 700 000 anos. Seria como se pegássemos uma bússola e ela apontasse para o nosso sul geográfico. Os cientistas ainda não conseguem explicar o porquê da inversão. Teoricamente, a Terra teria que passar a girar para outro lado para inverter a orientação do campo. Só que isso nunca aconteceu.
Como se forma o campo magnético da Terra?
É verdade que os pólos magnéticos norte e sul se invertem com o tempo?
"No interior da Terra, entre 2 900 e 5 200 quilômetros de profundidade, há uma camada de fluido constituída principalmente por ferro", explica o geofísico Igor Pacca, do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo. Com o movimento de rotação do planeta o fluido também roda. Como a parte mais externa do globo é constituída por rochas sólidas, há um atrito entre as duas camadas, fazendo com que o fluido gire formando espirais (veja infográfico). As correntes circulares que se formam comportam-se como os fios de um dínamo nos quais as cargas elétricas correm em círculo. Sempre que há cargas caminhando numa mesma direção forma-se campo magnético. É assim que a Terra transforma-se em um imenso ímã.
O campo tem sempre uma orientação, que se convencionou chamar de norte. Apesar de o norte magnético não coincidir exatamente com o norte geográfico, a diferença entre eles é pequena. Mas nem sempre foi assim. Estudos recentes de re- síduos magnéticos em rochas e no solo dos oceanos mostraram que o campo magnético a Terra já teve sua polaridade invertida pelo menos 170 vezes em 100 milhões de anos. A última de- las aconteceu há cerca de 700 000 anos. Seria como se pegássemos uma bússola e ela apontasse para o nosso sul geográfico. Os cientistas ainda não conseguem explicar o porquê da inversão. Teoricamente, a Terra teria que passar a girar para outro lado para inverter a orientação do campo. Só que isso nunca aconteceu.
O núcleo externo da Terra é constituído de ferro derretido, praticamente líquido. Quando ele gira, junto com o movimento de rotação, o atrito com a área sólida formada por rochas faz com que se formem redemoinhos que parecem cilindros (veja em cima, à direita). As cargas elétricas que correm nos cilindros formam o campo magnético.
Satélite velho pode sumir na atmosfera
O que ocorre com os satélites depois que eles deixam de funcionar?
Os satélites podem ter dois destinos depois que termina seu tempo útil. Os de órbita mais baixa (até uma altura de 700 quilômetros) são puxados pela gravidade e engolidos pela atmosfera terrestre, desintegrando-se devido ao atrito. Apenas alguns pedaços mais resistentes atingem a Terra. "Mesmo assim são pedaços de até 40 centímetros de diâmetro", conta o engenheiro indus-trial Otávio Durão, do Instituto Na-cional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos, São Paulo.
Os que voam mais alto (36 000 quilômetros de altura) não são atraídos pela gravidade terrestre. São, então, realocados para uma faixa na qual não atrapalham os que estão em atividade, formando o lixo espacial. É o caso dos satélites americanos Landsat, do número 1 ao 4. "Já existem centenas de naves circulando pelo espaço sem utilidade", diz Durão.
O estranho astro de Cygnus
Descoberta recentemente uma nova e surpreendente fonte de raios X, na constelação de Cygnus.
Uma nova e surpreendente fonte de raios X foi descoberta recentemente na constelação de Cygnus. a 3 mil anos-luz da Terra, podendo indicar o aparecimento de um pulsar (estrela de nêutrons) ou de um buraco negro - os astrônomos ainda não têm certeza. O que torna essa fonte de radiação especialmente interessante é a sua atividade: os astrônomos puderam captá-la também em outras faixas do espectro.
A última vez que se registrou tamanha agitação nesse lugar do Cosmo foi em 1938, quando o misterioso corpo celeste ficou duas mil vezes mais brilhante que o normal. Segundo a astrofísica Sueli Viegas, da Universidade de São Paulo, "as fontes de raios X são características de sistemas binários em que uma estrela é gigante e a outra está em fase final de evolução. Eventualmente ocorre uma súbita transferência de material de um astro para outro".
Descoberta recentemente uma nova e surpreendente fonte de raios X, na constelação de Cygnus.
Uma nova e surpreendente fonte de raios X foi descoberta recentemente na constelação de Cygnus. a 3 mil anos-luz da Terra, podendo indicar o aparecimento de um pulsar (estrela de nêutrons) ou de um buraco negro - os astrônomos ainda não têm certeza. O que torna essa fonte de radiação especialmente interessante é a sua atividade: os astrônomos puderam captá-la também em outras faixas do espectro.
A última vez que se registrou tamanha agitação nesse lugar do Cosmo foi em 1938, quando o misterioso corpo celeste ficou duas mil vezes mais brilhante que o normal. Segundo a astrofísica Sueli Viegas, da Universidade de São Paulo, "as fontes de raios X são características de sistemas binários em que uma estrela é gigante e a outra está em fase final de evolução. Eventualmente ocorre uma súbita transferência de material de um astro para outro".
OS ASTROCÔMICOS - PERGUNTAS IDIOTAS E ALGUMAS RESPOSTAS CRETINAS
O que está mais longe, Paris ou a Lua?
Resp.: E por acaso você consegue ver Paris daqui?
Quantos astrônomos são necessários para trocar uma lâmpada?
Resp.: Nenhum. Astrônomos não têm medo do escuro.
Por que as estrelas não fazem miau?
Resp.: Porque Astro-no-mia.
Até que distância conseguimos enxergar num dia claro?
Resp.: 150 milhões de quilômetros. Daqui até o Sol.
Qual o nome do primeiro satélite a orbitar a Terra?
Resp.: A Lua.
Como se chama o estudo dos planetas gasosos?
Resp.: Gastronomia.
O que é mais útil, o Sol ou a Lua?
Resp.: A Lua, porque brilha a noite, quando está escuro. Enquanto o Sol brilha apenas durante o dia, quando já está tudo claro.
O que está mais longe, Paris ou a Lua?
Resp.: E por acaso você consegue ver Paris daqui?
Quantos astrônomos são necessários para trocar uma lâmpada?
Resp.: Nenhum. Astrônomos não têm medo do escuro.
Por que as estrelas não fazem miau?
Resp.: Porque Astro-no-mia.
Até que distância conseguimos enxergar num dia claro?
Resp.: 150 milhões de quilômetros. Daqui até o Sol.
Qual o nome do primeiro satélite a orbitar a Terra?
Resp.: A Lua.
Como se chama o estudo dos planetas gasosos?
Resp.: Gastronomia.
O que é mais útil, o Sol ou a Lua?
Resp.: A Lua, porque brilha a noite, quando está escuro. Enquanto o Sol brilha apenas durante o dia, quando já está tudo claro.
Um buraco no meio de tudo
Um mapa detalhado do centro da nossa galáxia, a Via Láctea, sugere que lá se esconde um gigantesco buraco negro, o astro mais denso que pode existir no Universo. Não há certeza, mas as evidências recentes indicam que ele existe mesmo.
Situado na periferia da Via Láctea, o Sol é uma estrela relativamente solitária. Num raio de 4 anos-luz não há nenhuma outra estrela além dele. Em comparação, a região central da galáxia parece um vespeiro, um lugar apertado e violento, repleto de matéria e energia. Lá, num espaço equivalente ao que cerca o Sol (quase 40 trilhões de quilômetros), existe não uma, mas pelo menos 1 milhão de estrelas. Foi por isso, em parte, que há pouco mais de vinte anos a comunidade astronômica aceitou bem a sugestão inusitada de dois cientistas ingleses, Donald Lynden-Bell e Martin Rees. Em 1971, observando o brilho que vem do coração da galáxia, eles propuseram a idéia de que ali reside um monstro: um buraco negro gigante.
Para se ter uma idéia, o estranho astro concentraria a massa de 1 milhão de sóis. E num volume incrivelmente pequeno, no qual, em condições normais, caberiam somente quatro sóis e meio! Por causa dessa característica, a força gravitacional dos buracos negros fica concentrada de maneira absurda. A tal ponto que nem a luz, a coisa mais rápida que existe, pode escapar de sua superfície. Ainda mais grave é a situação das estrelas muito próximas — elas tendem a ser simplesmente destroçadas pelo buraco negro. Depois disso, sua matéria seria engolida por ele, gerando a energia luminosa que se vê no centro galáctico. Essa tese é plausível justamente devido ao grande número de estrelas existentes por lá. Estima-se que há pelo menos 300 astros numa vizinhança perigosa da superconcentração gravitacional.
"As observações mais recentes indicam que o buraco negro esmaga e engole os destroços de uma ou duas estrelas por ano", disse à SUPER por telefone o radioastrônomo americano Farhad Yusef-Zadeh, da Universidade do Noroeste, em Illinois, Estados Unidos. Há anos ele tenta associar a matéria das estrelas ao objeto central da Via Láctea.
O astrônomo Yusef-Zadeh explica que não dá para dizer com segurança se a esfera negra existe realmente. "Mas na minha opinião os sinais de sua presença são muito fortes." No início deste ano, o cientista americano usou as pistas mais importantes já coletadas para montar um mapa detalhado do coração da galáxia (veja o infográfico ao lado). O indício decisivo são os movimentos alucinantes de gases, que ficam rodopiando no centro galáctico. É provável que a matéria gasosa venha das estrelas partidas pela esfera negra.
Observações feitas no final do ano passado comprovam que há um grande grupo de estrelas gigantes muito perto do centro. O grupo pode ser o "rebanho" que alimenta a fera. O gás é arrancado pela força do buraco e despenca para o seu interior numa vasta espiral, atingindo temperaturas da ordem de milhões de graus Celsius. Por isso, brilha com grande intensidade. O jorro de luz é tão forte que uma parte da matéria, em vez de ser arrastada para o buraco, é soprada para longe.
O problema, agora, é identificar o próprio buraco negro, que não emite luz. Todo o seu brilho sai da nuvem à sua volta. Mas ela fica o tempo todo escondida pelas massas de estrelas e pela poeira de átomos que existem entre o centro da Via Láctea e a Terra. Só duas formas de luz, as ondas de rádio e os raios infravermelhos, passam com mais facilidade pelos obstáculos. Por essa razão, é grande a expectativa em torno de um novo telescópio de raios infravermelhos, o ISO, lançado pela Comunidade Européia no início de novembro. Dois dias depois, ele já estava em ação, contou à SUPER o brasileiro José Antônio de Freitas Pacheco, atualmente diretor do Observatório de Nice, perto de Paris. "O ISO certamente vai espiar o centro da galáxia e pode resolver de vez o enigma que existe por lá."Sopro de luz
Dados do final do ano passado confirmam que estas estrelas, a cerca de 10 trilhões de quilômetros do centro, estão sendo varridas por um vento de partículas e luz fortíssima. Um efeito indreto da energia do buraco negro
Gigantes torturadas:
Estrelas que estaria perto o bastante para serem não apenas atraidas, mas "rasgadas" pela força do monstro, do qual estariam a 1 trilhão de quilômetros. O que se observa com certeza é a grande velocidade do gás que parace estar despencando para o centro.
Surpermassa:
Pelos movimentos rápidos das estrelas e nuvens de gás próximas, estima-se que no centro galáctico exista um objeto cuja massa seria 1 milhão de vezes maior que a do Sol.
Vórtice luminoso:
Antes de cair no buraco negro, o gás arrancado de estrelas próximas gira com velocidade próxima à da luz e temperatura superior a 100 000 graus Celsius. O próprio buraco negro não tem brilho. Sua luz vem desta espiral de gás.
Um mapa detalhado do centro da nossa galáxia, a Via Láctea, sugere que lá se esconde um gigantesco buraco negro, o astro mais denso que pode existir no Universo. Não há certeza, mas as evidências recentes indicam que ele existe mesmo.
Situado na periferia da Via Láctea, o Sol é uma estrela relativamente solitária. Num raio de 4 anos-luz não há nenhuma outra estrela além dele. Em comparação, a região central da galáxia parece um vespeiro, um lugar apertado e violento, repleto de matéria e energia. Lá, num espaço equivalente ao que cerca o Sol (quase 40 trilhões de quilômetros), existe não uma, mas pelo menos 1 milhão de estrelas. Foi por isso, em parte, que há pouco mais de vinte anos a comunidade astronômica aceitou bem a sugestão inusitada de dois cientistas ingleses, Donald Lynden-Bell e Martin Rees. Em 1971, observando o brilho que vem do coração da galáxia, eles propuseram a idéia de que ali reside um monstro: um buraco negro gigante.
Para se ter uma idéia, o estranho astro concentraria a massa de 1 milhão de sóis. E num volume incrivelmente pequeno, no qual, em condições normais, caberiam somente quatro sóis e meio! Por causa dessa característica, a força gravitacional dos buracos negros fica concentrada de maneira absurda. A tal ponto que nem a luz, a coisa mais rápida que existe, pode escapar de sua superfície. Ainda mais grave é a situação das estrelas muito próximas — elas tendem a ser simplesmente destroçadas pelo buraco negro. Depois disso, sua matéria seria engolida por ele, gerando a energia luminosa que se vê no centro galáctico. Essa tese é plausível justamente devido ao grande número de estrelas existentes por lá. Estima-se que há pelo menos 300 astros numa vizinhança perigosa da superconcentração gravitacional.
"As observações mais recentes indicam que o buraco negro esmaga e engole os destroços de uma ou duas estrelas por ano", disse à SUPER por telefone o radioastrônomo americano Farhad Yusef-Zadeh, da Universidade do Noroeste, em Illinois, Estados Unidos. Há anos ele tenta associar a matéria das estrelas ao objeto central da Via Láctea.
O astrônomo Yusef-Zadeh explica que não dá para dizer com segurança se a esfera negra existe realmente. "Mas na minha opinião os sinais de sua presença são muito fortes." No início deste ano, o cientista americano usou as pistas mais importantes já coletadas para montar um mapa detalhado do coração da galáxia (veja o infográfico ao lado). O indício decisivo são os movimentos alucinantes de gases, que ficam rodopiando no centro galáctico. É provável que a matéria gasosa venha das estrelas partidas pela esfera negra.
Observações feitas no final do ano passado comprovam que há um grande grupo de estrelas gigantes muito perto do centro. O grupo pode ser o "rebanho" que alimenta a fera. O gás é arrancado pela força do buraco e despenca para o seu interior numa vasta espiral, atingindo temperaturas da ordem de milhões de graus Celsius. Por isso, brilha com grande intensidade. O jorro de luz é tão forte que uma parte da matéria, em vez de ser arrastada para o buraco, é soprada para longe.
O problema, agora, é identificar o próprio buraco negro, que não emite luz. Todo o seu brilho sai da nuvem à sua volta. Mas ela fica o tempo todo escondida pelas massas de estrelas e pela poeira de átomos que existem entre o centro da Via Láctea e a Terra. Só duas formas de luz, as ondas de rádio e os raios infravermelhos, passam com mais facilidade pelos obstáculos. Por essa razão, é grande a expectativa em torno de um novo telescópio de raios infravermelhos, o ISO, lançado pela Comunidade Européia no início de novembro. Dois dias depois, ele já estava em ação, contou à SUPER o brasileiro José Antônio de Freitas Pacheco, atualmente diretor do Observatório de Nice, perto de Paris. "O ISO certamente vai espiar o centro da galáxia e pode resolver de vez o enigma que existe por lá."Sopro de luz
Dados do final do ano passado confirmam que estas estrelas, a cerca de 10 trilhões de quilômetros do centro, estão sendo varridas por um vento de partículas e luz fortíssima. Um efeito indreto da energia do buraco negro
Gigantes torturadas:
Estrelas que estaria perto o bastante para serem não apenas atraidas, mas "rasgadas" pela força do monstro, do qual estariam a 1 trilhão de quilômetros. O que se observa com certeza é a grande velocidade do gás que parace estar despencando para o centro.
Surpermassa:
Pelos movimentos rápidos das estrelas e nuvens de gás próximas, estima-se que no centro galáctico exista um objeto cuja massa seria 1 milhão de vezes maior que a do Sol.
Vórtice luminoso:
Antes de cair no buraco negro, o gás arrancado de estrelas próximas gira com velocidade próxima à da luz e temperatura superior a 100 000 graus Celsius. O próprio buraco negro não tem brilho. Sua luz vem desta espiral de gás.
<< Anterior • 28 • Próxima >>