Perguntas intrigantes:
É possível comprar uma estrela?
Em “O pequeno Príncipe” de Saint-Exupéry, um homem de negócios julgava-se rico por “possuir” estrelas. Embora nós também não possamos guardá-las em um cofre, a resposta para essa pergunta pode surpreendê-lo.
Os astrônomos não são donos das estrelas. Ninguém é. Porém, ao descobrir um corpo celeste (como um planeta, cometa ou asteróide) é possível sugerir-lhe um nome. Isso já ocorreu várias vezes, nem sempre com bom senso, como no célebre caso de Urano, batizado inicialmente de Jorge!
Todos os anos, pessoas que estudam os céus (profissionais ou não) descobrem novos corpos celestes e, particularmente no caso dos cometas, é comum que recebam o nome de seus descobridores.
É o caso do cometa Hale-Bopp, por exemplo, denominação que faz jus a Alan Hale (um astrônomo profissional) e Thomas Bopp (um astrônomo amador), que dividiram os créditos pelo achado.
Ou do cometa Juels-Holvorcem, descoberto na noite de 28 de dezembro de 2002 pelo brasileiro Paulo Holvorcem com ajuda do colega norte-americano Charles Juels.
Esse astro entrou para a história da Astronomia como sendo o primeiro que leva o nome de um brasileiro nato. Cometas e asteróides ocasionalmente recebem nomes de pessoas. Mas saiba desde já: não se dá nomes de pessoas a estrelas.
No entanto, se você tiver algum dinheiro sobrando pode comprar um “certificado” numa “loja que vende estrelas”.
Numa mania originária dos Estados Unidos, onde se vende de tudo, essas empresas apenas utilizam as milhares de estrelas designadas numericamente nos catálogos estelares para que sejam atribuídas ao seu nome ou de uma pessoa querida.
Porém, a denominação escolhida jamais será reconhecida cientificamente. Não irá constar nos mapas celestes nem será mencionada pelos astrônomos, ficando restrita aos registros da empresa que lhe vendeu esse “certificado”.
E tudo isso pode ter tido origem na própria ciência. Planetários e museus norte-americanos ocasionalmente “vendiam” nomes para estrelas como forma de angariar fundos para essas instituições, sem fins lucrativos. Normalmente se tinha muito cuidado em explicar que a denominação não era legítima.
A estrela não vem junto
COMO FORMA DE AGRADECIMENTO pela contribuição, as pessoas tinham seus nomes simbolicamente associados a uma estrela. Alguém percebeu ali uma forma fácil de ganhar dinheiro e abriu-se um filão. Hoje isso virou um comércio, sendo praticado por empresas que nem sempre se importam em deixar claro o que estão vendendo, limitando-se a dizer que “você não está comprando a estrela em si” – tão óbvio!
Esse “batismo fictício” envolve nomes tão comuns quanto Rita ou Laura e, é claro, muita gente famosa, como Ayrton Senna, o ator Leonard Nimoy (Dr. Spock, de Jornada nas Estrelas), a modelo Naomi Campbell, o jogador de basquete Magic Johnson, a cantora Madonna e mais Elton John, Phil Collins, Cher, Tom Cruise, Michelle Pfeiffer, Whoopi Goldberg, Garth Brooks, John Lennon, Marilyn Monroe, Jacques Cousteau, a princesa Diana, Frank Sinatra, Elvis Presley e até mesmo o Grinch!
Não esqueça o telescópio:
TODOS RECEBEM UM CERTIFICADO E UM MAPA CELESTE com a localização do astro. Porém, mais uma vez, não se iluda com esse presente: você não poderá ver a “sua estrela” no céu.
Todas elas são astros do céu produndo e não podem ser vistas a olho nu nem com algumas lunetas (magnitude acima de 8,5). Se quiser observá-las, adquira um bom telescópio também.
Você não poderá nem mesmo escolher a constelação. Por outro lado, nada impede que você “registre” um mesmo nome em diferentes estrelas. Afinal, é tudo de mentirinha.
Na prática, o que se faz é uma espécie de ilusão. E como em todo espetáculo de ilusionismo, é preciso estar disposto a colaborar com o mágico. O “certificado” emitido lembra a antiga brincadeira de presentear um amigo com um jornal falso contendo uma matéria bem-humorada sobre ele – uma notícia que só existe naquele pedaço de papel.
Mas os nomes não são “oficiais”?
TALVEZ PARA CONFUNDIR, alguns vendedores afirmam que a associação do seu nome a uma estrela fica “oficialmente registrada” na Biblioteca do Congresso ou no Escritório de Patentes dos Estados Unidos, por exemplo.
Mas isso significa simplesmente que o nome ficou registrado junto à empresa que vendeu os papéis (às vezes também é vendido um livro com todos os nomes já atribuídos – e essa publicação tem, naturalmente, um copyright). Congresso ou Escritório de Patentes de país nenhum tem autoridade para dar nomes as estrelas.
Isso não é ilegal?
É UM PRESENTE SIMBÓLICO. Uma atitude que pode ter um significado especial. Mas o “certificado” ou o mapa celeste mostrando a estrela com o seu nome é uma brincadeira. Pode ser de bom gosto, desde que quem dá e quem recebe entendam o gesto e não se deixem enganar.
Você sempre pode ir a uma floricultura e comprar um belíssimo bouquet. Ou pode colher um único botão de seu próprio jardim e oferecer a pessoa querida. Pode também escolher qualquer estrela do céu e “doá-la” a alguém. Ou comprar um “certificado” que atribui o seu nome a uma estrela do céu.
Ficou famoso o caso de um jornalista que escreveu um livro sobre o brasileiro Ayrton Senna, no qual mencionava uma estrela chamada Senna, homenagem que supostamente teria sido feita pela comunidade científica ao tricampeão da Fórmula 1. Há quem acredite nessa história até hoje. Mas é um grande mal-entendido: familiares (ou simplesmente fãs) do piloto é que haviam comprado um desses “certificados”.
Quem dá nome aos corpos celestes?
UM NOME LEGÍTIMO NÃO PODE SER COMPRADO. O único órgão responsável pela nomenclatura dos corpos celestes é a União Astronômica Internacional, e suas decisões são tomadas seguindo critérios históricos.
A maioria das estrelas brilhantes receberam nomes há centenas de anos. Nomes originários do folclore e mitologia de gregos, árabes etc. As estrelas de brilho muito fraco – maioria no céu – recebem hoje apenas “nomes de catálogo”, que são designações com letras e números. Por isso há tantas estrelas sem um nome próprio.
Por outro lado, não é incomum que asteróides e cometas recebam nomes de pessoas – especialmente de seus descobridores. Assim, se você quer muito que um corpo celeste tenha o seu nome, compre um bom telescópio e mãos à obra. Céus limpos!
É possível comprar uma estrela?
Em “O pequeno Príncipe” de Saint-Exupéry, um homem de negócios julgava-se rico por “possuir” estrelas. Embora nós também não possamos guardá-las em um cofre, a resposta para essa pergunta pode surpreendê-lo.
Os astrônomos não são donos das estrelas. Ninguém é. Porém, ao descobrir um corpo celeste (como um planeta, cometa ou asteróide) é possível sugerir-lhe um nome. Isso já ocorreu várias vezes, nem sempre com bom senso, como no célebre caso de Urano, batizado inicialmente de Jorge!
Todos os anos, pessoas que estudam os céus (profissionais ou não) descobrem novos corpos celestes e, particularmente no caso dos cometas, é comum que recebam o nome de seus descobridores.
É o caso do cometa Hale-Bopp, por exemplo, denominação que faz jus a Alan Hale (um astrônomo profissional) e Thomas Bopp (um astrônomo amador), que dividiram os créditos pelo achado.
Ou do cometa Juels-Holvorcem, descoberto na noite de 28 de dezembro de 2002 pelo brasileiro Paulo Holvorcem com ajuda do colega norte-americano Charles Juels.
Esse astro entrou para a história da Astronomia como sendo o primeiro que leva o nome de um brasileiro nato. Cometas e asteróides ocasionalmente recebem nomes de pessoas. Mas saiba desde já: não se dá nomes de pessoas a estrelas.
No entanto, se você tiver algum dinheiro sobrando pode comprar um “certificado” numa “loja que vende estrelas”.
Numa mania originária dos Estados Unidos, onde se vende de tudo, essas empresas apenas utilizam as milhares de estrelas designadas numericamente nos catálogos estelares para que sejam atribuídas ao seu nome ou de uma pessoa querida.
Porém, a denominação escolhida jamais será reconhecida cientificamente. Não irá constar nos mapas celestes nem será mencionada pelos astrônomos, ficando restrita aos registros da empresa que lhe vendeu esse “certificado”.
E tudo isso pode ter tido origem na própria ciência. Planetários e museus norte-americanos ocasionalmente “vendiam” nomes para estrelas como forma de angariar fundos para essas instituições, sem fins lucrativos. Normalmente se tinha muito cuidado em explicar que a denominação não era legítima.
A estrela não vem junto
COMO FORMA DE AGRADECIMENTO pela contribuição, as pessoas tinham seus nomes simbolicamente associados a uma estrela. Alguém percebeu ali uma forma fácil de ganhar dinheiro e abriu-se um filão. Hoje isso virou um comércio, sendo praticado por empresas que nem sempre se importam em deixar claro o que estão vendendo, limitando-se a dizer que “você não está comprando a estrela em si” – tão óbvio!
Esse “batismo fictício” envolve nomes tão comuns quanto Rita ou Laura e, é claro, muita gente famosa, como Ayrton Senna, o ator Leonard Nimoy (Dr. Spock, de Jornada nas Estrelas), a modelo Naomi Campbell, o jogador de basquete Magic Johnson, a cantora Madonna e mais Elton John, Phil Collins, Cher, Tom Cruise, Michelle Pfeiffer, Whoopi Goldberg, Garth Brooks, John Lennon, Marilyn Monroe, Jacques Cousteau, a princesa Diana, Frank Sinatra, Elvis Presley e até mesmo o Grinch!
Não esqueça o telescópio:
TODOS RECEBEM UM CERTIFICADO E UM MAPA CELESTE com a localização do astro. Porém, mais uma vez, não se iluda com esse presente: você não poderá ver a “sua estrela” no céu.
Todas elas são astros do céu produndo e não podem ser vistas a olho nu nem com algumas lunetas (magnitude acima de 8,5). Se quiser observá-las, adquira um bom telescópio também.
Você não poderá nem mesmo escolher a constelação. Por outro lado, nada impede que você “registre” um mesmo nome em diferentes estrelas. Afinal, é tudo de mentirinha.
Na prática, o que se faz é uma espécie de ilusão. E como em todo espetáculo de ilusionismo, é preciso estar disposto a colaborar com o mágico. O “certificado” emitido lembra a antiga brincadeira de presentear um amigo com um jornal falso contendo uma matéria bem-humorada sobre ele – uma notícia que só existe naquele pedaço de papel.
Mas os nomes não são “oficiais”?
TALVEZ PARA CONFUNDIR, alguns vendedores afirmam que a associação do seu nome a uma estrela fica “oficialmente registrada” na Biblioteca do Congresso ou no Escritório de Patentes dos Estados Unidos, por exemplo.
Mas isso significa simplesmente que o nome ficou registrado junto à empresa que vendeu os papéis (às vezes também é vendido um livro com todos os nomes já atribuídos – e essa publicação tem, naturalmente, um copyright). Congresso ou Escritório de Patentes de país nenhum tem autoridade para dar nomes as estrelas.
Isso não é ilegal?
É UM PRESENTE SIMBÓLICO. Uma atitude que pode ter um significado especial. Mas o “certificado” ou o mapa celeste mostrando a estrela com o seu nome é uma brincadeira. Pode ser de bom gosto, desde que quem dá e quem recebe entendam o gesto e não se deixem enganar.
Você sempre pode ir a uma floricultura e comprar um belíssimo bouquet. Ou pode colher um único botão de seu próprio jardim e oferecer a pessoa querida. Pode também escolher qualquer estrela do céu e “doá-la” a alguém. Ou comprar um “certificado” que atribui o seu nome a uma estrela do céu.
Ficou famoso o caso de um jornalista que escreveu um livro sobre o brasileiro Ayrton Senna, no qual mencionava uma estrela chamada Senna, homenagem que supostamente teria sido feita pela comunidade científica ao tricampeão da Fórmula 1. Há quem acredite nessa história até hoje. Mas é um grande mal-entendido: familiares (ou simplesmente fãs) do piloto é que haviam comprado um desses “certificados”.
Quem dá nome aos corpos celestes?
UM NOME LEGÍTIMO NÃO PODE SER COMPRADO. O único órgão responsável pela nomenclatura dos corpos celestes é a União Astronômica Internacional, e suas decisões são tomadas seguindo critérios históricos.
A maioria das estrelas brilhantes receberam nomes há centenas de anos. Nomes originários do folclore e mitologia de gregos, árabes etc. As estrelas de brilho muito fraco – maioria no céu – recebem hoje apenas “nomes de catálogo”, que são designações com letras e números. Por isso há tantas estrelas sem um nome próprio.
Por outro lado, não é incomum que asteróides e cometas recebam nomes de pessoas – especialmente de seus descobridores. Assim, se você quer muito que um corpo celeste tenha o seu nome, compre um bom telescópio e mãos à obra. Céus limpos!
Qual é a maior estrela?
Você ousaria imaginar o tamanho da maior estrela do Universo?
Bem-vindo ao reino dos astros colossais.
Ela é mesmo uma estrela e tanto. Descoberta pelo telescópio espacial Hubble por trás de uma densa nebulosa, na direção da constelação de Sagitário, Pistol (Pistola) brilha tanto como cinco ou seis milhões de sóis, e tem tamanho suficiente para preencher todo o espaço entre o Sol e a Terra. Pistola é a estrela mais brilhante que se tem notícia e fica a 25 mil anos-luz de distância.
Mas a luz que brilha muito se consome rápido. Assim Pistola, que se formou entre um e três milhões de anos atrás (o Sol tem cerca de 5 bilhões de anos), está destinada a morrer numa violenta explosão chamada “supernova”.
Na verdade, essa estrela já perde massa constantemente, formando ao seu redor uma concha de gás com dezenas de massas solares. As erupções extremamente massivas de Pistola já preencheram um espaço de mais 4 anos-luz, a mesma distância entre o Sol e a estrela mais próxima, Alfa de Centauro.
Atualmente, os astrônomos estimam que a massa de Pistola seja equivalente a 100 sóis, sendo que a massa inicial deveria ser o dobro. Entretanto, ela não é visível em fotografias nem a olho nu, pois está imersa por trás do gás e da poeira interestelar do centro galáctico. Então, como podemos saber tanto sobre ela?
As emissões da estrela não podem ser percebidas por sistemas óticos, mas podem ser registradas pelos detectores de infravermelho (calor) do telescópio espacial que as reporta como sinais digitais. Cada bit de informação é processado até se obter sua imagem. Mas neste caso as cores não têm qualquer significado físico. Elas são apenas um meio de ressaltar diferentes regiões por meio de contrastes.
Pistola é a mais brilhante?
COMO NUM CONTO DE FADAS, em que a madrasta pergunta ao espelho mágico quem é a mais bela, Pistola fica em segundo lugar no quesito brilho. Ela é superada, em brilho e também em massa, pela estrela LBV 1806-20, até 40 milhões de vezes mais luminosa do que o Sol.
Mesmo assim LBV 1806-20 não é facilmente observável, pois além da respeitável distância de 45 mil anos-luz – do outro lado da Galáxia – sua luz também é absorvida pelo material interestelar no meio do caminho. Sua detecção foi possível graças a telescópios que enxergam no infravermelho, uma região do espectro que penetra mais profundamente a poeira interestelar.
Estima-se que LBV 1806-20 tenha mais de 150 vezes a massa solar, adquiridos em apenas 2 milhões de anos de idade. Tamanha engorda é um dos maiores mistérios da Astronomia moderna.
As teorias sobre a formação estelar sugerem que as estrelas devem estar limitadas até cerca de 120 massas solares, senão o calor e a pressão no centro dessas enormes bolas de hidrogênio e helio afastariam a matéria da superfície, impedindo a acresção de mais massa.
Mas também pode ser que a massa e a luminosidade de estrelas tão brilhantes como essa, mas que se encontram a grandes distâncias, confundam os astrônomos.
Não está descartada a hipótese de LBV 1806-20 ser um sistema múltiplo, uma coleção de estrelas em órbitas apertadas. Apenas observações mais acuradas irão confirmar a singularidade da estrela gigante.
LBV 1806-20 pertence a uma classe de grandes estrelas. As chamadas "variáveis luminosas azuis", como Eta, da constelação de Carina. São estrelas supergigantes azuis, com luminosidades de dezenas de milhares de vezes a luz do Sol mas cujas massas normalmente estão entre 40 e 50 vezes a massa solar. Elas são tão grandes que "nem deveriam existir", segundo alguns modelos teóricos.
LBV 1806-20 é a maior?
NÃO. TRÊS ESTRELAS SUPERGIGANTES VERMELHAS detêm esse recorde – até o momento. KW Sagitarii (a 9.800 anos-luz), V354 Cephei (a 9.000 anos-luz) e KY Cygni (a somente 5.200 anos-luz) têm todas cerca de 1.500 vezes o tamanho do Sol, ou cerca de sete Unidades Astronômicas (UA).
Para efeito de comparação, a supergigante vermelha Betelgeuse, na constelação de Órion, tem 650 vezes o diâmetro do Sol, ou cerca de 3 UA. Se qualquer uma das três maiores supergigantes conhecidas fosse colocada no lugar do Sol, não só engolfaria a Terra, mas seu corpo monstruoso seria capaz de se estender até algum ponto entre as órbitas de Júpiter (a 5,2 UA) e Saturno (a 9,5 UA do Sol).
Você ousaria imaginar o tamanho da maior estrela do Universo?
Bem-vindo ao reino dos astros colossais.
Ela é mesmo uma estrela e tanto. Descoberta pelo telescópio espacial Hubble por trás de uma densa nebulosa, na direção da constelação de Sagitário, Pistol (Pistola) brilha tanto como cinco ou seis milhões de sóis, e tem tamanho suficiente para preencher todo o espaço entre o Sol e a Terra. Pistola é a estrela mais brilhante que se tem notícia e fica a 25 mil anos-luz de distância.
Mas a luz que brilha muito se consome rápido. Assim Pistola, que se formou entre um e três milhões de anos atrás (o Sol tem cerca de 5 bilhões de anos), está destinada a morrer numa violenta explosão chamada “supernova”.
Na verdade, essa estrela já perde massa constantemente, formando ao seu redor uma concha de gás com dezenas de massas solares. As erupções extremamente massivas de Pistola já preencheram um espaço de mais 4 anos-luz, a mesma distância entre o Sol e a estrela mais próxima, Alfa de Centauro.
Atualmente, os astrônomos estimam que a massa de Pistola seja equivalente a 100 sóis, sendo que a massa inicial deveria ser o dobro. Entretanto, ela não é visível em fotografias nem a olho nu, pois está imersa por trás do gás e da poeira interestelar do centro galáctico. Então, como podemos saber tanto sobre ela?
As emissões da estrela não podem ser percebidas por sistemas óticos, mas podem ser registradas pelos detectores de infravermelho (calor) do telescópio espacial que as reporta como sinais digitais. Cada bit de informação é processado até se obter sua imagem. Mas neste caso as cores não têm qualquer significado físico. Elas são apenas um meio de ressaltar diferentes regiões por meio de contrastes.
Pistola é a mais brilhante?
COMO NUM CONTO DE FADAS, em que a madrasta pergunta ao espelho mágico quem é a mais bela, Pistola fica em segundo lugar no quesito brilho. Ela é superada, em brilho e também em massa, pela estrela LBV 1806-20, até 40 milhões de vezes mais luminosa do que o Sol.
Mesmo assim LBV 1806-20 não é facilmente observável, pois além da respeitável distância de 45 mil anos-luz – do outro lado da Galáxia – sua luz também é absorvida pelo material interestelar no meio do caminho. Sua detecção foi possível graças a telescópios que enxergam no infravermelho, uma região do espectro que penetra mais profundamente a poeira interestelar.
Estima-se que LBV 1806-20 tenha mais de 150 vezes a massa solar, adquiridos em apenas 2 milhões de anos de idade. Tamanha engorda é um dos maiores mistérios da Astronomia moderna.
As teorias sobre a formação estelar sugerem que as estrelas devem estar limitadas até cerca de 120 massas solares, senão o calor e a pressão no centro dessas enormes bolas de hidrogênio e helio afastariam a matéria da superfície, impedindo a acresção de mais massa.
Mas também pode ser que a massa e a luminosidade de estrelas tão brilhantes como essa, mas que se encontram a grandes distâncias, confundam os astrônomos.
Não está descartada a hipótese de LBV 1806-20 ser um sistema múltiplo, uma coleção de estrelas em órbitas apertadas. Apenas observações mais acuradas irão confirmar a singularidade da estrela gigante.
LBV 1806-20 pertence a uma classe de grandes estrelas. As chamadas "variáveis luminosas azuis", como Eta, da constelação de Carina. São estrelas supergigantes azuis, com luminosidades de dezenas de milhares de vezes a luz do Sol mas cujas massas normalmente estão entre 40 e 50 vezes a massa solar. Elas são tão grandes que "nem deveriam existir", segundo alguns modelos teóricos.
LBV 1806-20 é a maior?
NÃO. TRÊS ESTRELAS SUPERGIGANTES VERMELHAS detêm esse recorde – até o momento. KW Sagitarii (a 9.800 anos-luz), V354 Cephei (a 9.000 anos-luz) e KY Cygni (a somente 5.200 anos-luz) têm todas cerca de 1.500 vezes o tamanho do Sol, ou cerca de sete Unidades Astronômicas (UA).
Para efeito de comparação, a supergigante vermelha Betelgeuse, na constelação de Órion, tem 650 vezes o diâmetro do Sol, ou cerca de 3 UA. Se qualquer uma das três maiores supergigantes conhecidas fosse colocada no lugar do Sol, não só engolfaria a Terra, mas seu corpo monstruoso seria capaz de se estender até algum ponto entre as órbitas de Júpiter (a 5,2 UA) e Saturno (a 9,5 UA do Sol).
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