CURIOSIDADES


A Estrela de Belém existiu mesmo?

“E eis que vieram Magos do Oriente a Jerusalém, perguntado: Onde está o Rei dos Judeus, que é recém-nascido? Com efeito, vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”. Fato científico ou figura de linguagem?

A história conhecemos muito bem. Afinal, vem sendo contada há dois mil anos e – hoje – é uma das imagens mais marcantes da Festa da Natividade. Contudo, temos condições de saber o que de fato viram os Magos do Oriente?

Uma das primeiras hipóteses foi proposta por Orígenes (183-254 d.C.). Ele supôs que o agora conhecido cometa de Halley teria sido o astro visto pelos Magos. Mas ao se analisar os registros dos chineses, notáveis observadores do céu, verificou-se que a tese do cometa de Halley exigiria um erro de mais de 11 anos na data atribuída ao nascimento de Cristo.

Por outro lado, permaneceu a hipótese da Estrela de Belém ter sido um cometa não periódico, de grande brilho.

No final do ano de 1572 o astrônomo dinamarquês Tycho-Brahe descobriu uma estrela muito brilhante na constelação de Cassiopéia. Na verdade seu brilho era tanto que o novo astro pôde ser visto mesmo à luz do dia, durante quase 20 meses.

Mais tarde esse fenômeno seria batizado de nova e supernova, denominações usadas em Astronomia para designar as estrelas que explodem, aumentando assustadoramente de brilho e depois de algum tempo quase desaparecem do firmamento.

Contemporâneos de Tycho-Brahe viram no astro a mesma estrela que teria guiado os Magos, enquanto outros afirmavam que o fenômeno anunciava a chegada de um segundo Salvador.

Astrônomos encontraram ocorrências de novas na primavera do ano 5 a.C., ano que não está em contradição com o provável nascimento de Jesus, que segundo os teólogos deve ter ocorrido entre os anos 5 e 7 a.C. e não no ano 1, como é comum imaginar. A hipótese da nova, ou supernova, encontra adeptos até os dias atuais.

O céu e os Magos
ASTROS BRILHANTES, COMO O PLANETA VÊNUS – a conhecida Estrela d´Alva, Júpiter e Saturno podem aparecer no céu em posições que nos dão a ilusão de aproximação, fazendo com que seus brilhos se somem.

Os astrônomos chamam isso de conjunção planetária. Uma conjunção tríplice é a sucessão de três aproximações aparentes de dois planetas e, para alguns pesquisadores, este fenômeno de grande importância astrológica pode ter sido a Estrela de Belém.

Parece difícil chegar a qualquer conclusão sobre o assunto. A própria concepção dos três Reis Magos é deficiente. Surgiu no século VI d.C., quando seu número foi fixado devido a natureza de seus presentes. Mas segundo a tradição oriental, foram 12 os Magos que visitaram Jesus. Será, enfim, que eles existiram?

Naturalmente, tais impasses só enriquecem o pensamento humano, ávido pela compreensão não somente da natureza de possíveis fenômenos naturais, mas pelo próprio sentido de nossa existência neste mundo.


E se um asteróide colidir com a Terra?

Estamos preparados? O que as autoridades tem feito a respeito? Aquele asteróide noticiado pela mídia vai mesmo bater na Terra na próxima década? Descubra as verdades e os mitos por trás dessa ameaça constante.

Enquanto Apófis não vem....

Não há nenhum planeta-gigante-vermelho vindo em direção a Terra. Se você ouviu essa história em algum lugar, esqueça. É sensacionalismo barato. A verdadeira ameaça vem de rochas muito menores, do tamanho de uma montanha, escuras e difíceis de detectar. Como Apófis.

Esse asteróide de 350 metros de largura foi anunciando em dezembro de 2004 como tendo uma chance de 0,3% de colidir com a Terra em 13 de abril do ano 2029. Embora a possibilidade pareça insignificante, ele foi o primeiro a atingir o nível 2 da escala de Torino, que classifica o perigo associado a asteróides e cometas (veja abaixo).

Difícil previsão
ATUALMENTE SOMOS CAPAZES DE IDENTIFICAR com eficiência asteróides com pelo menos um quilômetro de extensão, embora os menores também sejam perigosos. Determinar se podem nos atingir numa passagem futura, contudo, é sempre um desafio ainda maior.

É que essas “montanhas voadoras” precisam ter suas trajetórias orbitais muito bem determinadas. Somente então faz sentido a aplicação das equações que fornecem suas posições futuras, e que consideram a interação gravitacional com corpos mais massivos nas redondezas, como planetas – o que altera novamente seus rumos, num intrincado trânsito orbital que pode acabar em trombada.

Muitas vezes os astrônomos tem informações apenas sobre um pequeno fragmento orbital, colhido em poucos dias de observação. Refinamentos posteriores geralmente alteram as previsões iniciais. Foi o que aconteceu com Apófis. Mesmo assim sua passagem em 2029 será um rasante tão próximo (menos de um décimo da distância Terra - Lua) que ele poderá ser visto a olho nu.

Evitando o pior
NA PIOR DAS HIPÓTESES ELE ATINGIRIA A TERRA na passagem seguinte, em 2036. O mais provável é que não represente uma ameaça, mas ainda assim seria bom que pudéssemos nos precaver de alguma forma. E as propostas já existem.

A Agência Espacial Européia (ESA) escolheu Apófis e mais outro asteróide para uma operação de desvio de trajetórias orbitais que está sendo chamada de Missão Dom Quixote.

Até 2007 a ESA decidirá qual dos objetos receberá a visita das naves Sancho e Hidalgo, para testar a manobra pela primeira vez.

Hidalgo, homenagem ao cavaleiro errante criado pelo espanhol Miguel de Cervantes, colidirá com o asteróide escolhido, enquanto Sancho, o fiel escudeiro do herói, observará a colisão, documentando a mudança de trajetória.

Os americanos também estudam utilizar um rebocador espacial que atracaria com a superfície do asteróide ameaçador. Um empurrão lento durante uns três meses na direção do seu próprio movimento orbital seria suficiente para resguardar a Terra de um impacto (o aumento da velocidade orbital expande a órbita de um corpo, mudando seu rumo).

Tudo deve ser testado o mais rápido possível – com asteróides conhecidos. Os programas de patrulhamento celeste devem ser ampliados e aperfeiçoados. Somente com antecedência de pelo menos uma década poderemos fazer alguma coisa.

Vizinhos perturbados
ESSES CORPOS CELESTES NÃO VÊM DE LONGE, de fora do nosso sistema planetário. Pelo contrário, são “habitantes” da parte rasa do Sistema Solar, vagando ao redor do Sol em trajetórias elípticas geralmente internas à órbita de Júpiter.

Eles não são grandes como planetas, mas são muitos. A história geológica da Terra – e a superfície esburacada da Lua – guardam marcas de encontros pouco amigáveis no passado. Hoje não se conhece nenhum cuja colisão com o nosso mundo seja certa. Mas é certo que um dia acontecerá de novo.


Você quer ser um astronauta?

É possível começar essa carreira no Brasil? Quais os pré-requisitos?
Como funciona o processo de seleção? Encare o maior desafio de sua vida.

Vagas para astronautas:

Você é brasileiro ou brasileira, com boa saúde, idade entre 25 e 45 anos, domina o idioma inglês e possui diploma de curso superior? Então você está previamente habilitado para candidatar-se a uma vaga de astronauta! O que até bem pouco tempo era somente um sonho, tornou-se realidade com o vôo do primeiro astronauta brasileiro, em 2006.

Em outubro de 1997 a Nasa, Agência Espacial Norte-americana, ofereceu à Agência Espacial Brasileira (AEB), uma vaga para um candidato brasileiro a astronauta.

O processo foi concluído em junho de 1998, sendo indicado o então Capitão Aviador Marcos César Pontes, que permaneceu 9 dias a bordo da Estação Espacial Internacional entre 30 de março e 8 de abril de 2006.

O treinamento do segundo candidato brasileiro a astronauta ainda não tem data definida, mas o local de treinamento deve ser o Johnson Space Center, no Estado americano do Texas. A AEB deve divulgar um edital de seleção assim que houver a confirmação de vagas, e só então as inscrições serão abertas.

Lembrando ainda: apesar de Marcos Pontes ter formação militar, a profissão de astronauta é civil. As atividades de um astronauta não envolvem qualquer tipo de tarefa militar. Na verdade, são duas carreiras completamente distintas. Razão pela qual Pontes já estava desligado de funções específicas da ativa militar desde que foi indicado para astronauta, em 1998.

Os pré-requisitos
Ser astronauta é fazer parte do grupo de profissionais mais seleto que existe: no mundo todo apenas 467 pessoas têm (ou tiveram) essa profissão. Entrar neste time é um “desafio radical” para nenhum jovem pôr defeito. Não é fácil – mas afinal se você quisesse fazer algo fácil não pensaria logo em ser astronauta. Confira os pré-requisitos:

¤ Ter entre 25 e 45 anos por ocasião do ingresso no processo de seleção.

¤ Possuir título de pós-graduação em Engenharia, Ciências Exatas ou da Terra, Ciências Biológicas ou Ciências da Saúde.

¤ Ter pelo menos três anos de experiência profissional em uma das áreas definidas no item anterior (experiência de campo ou laboratório tem preferência sobre experiência de escritório). É desejável um título de Mestre ou Doutor, que pode substituir em parte ou totalmente a experiência solicitada, na seguinte proporção: mestrado corresponde a 1 ano de experiência e doutorado a 3 anos.

¤ Ter aptidão física e mental para o exercício das atribuições de astronauta, segundo padrões a serem estabelecidos no edital, tendo como requisito inicial exames médicos e psíquicos.

Etapas de seleção
AS QUALIDADES DE UM ASTRONAUTA incluem a honestidade, integridade, cooperação, iniciativa e perseverança. É preciso ter habilidade para trabalhar eficazmente em ambientes de mudanças rápidas. A seguir, as dez etapas típicas do processo de seleção de um astronauta da Nasa.

¤ 1ª Etapa
Verificação do cumprimento dos requisitos básicos: data de nascimento, nacionalidade, formação acadêmica e experiência profissional.

¤ 2ª e 3ª Etapas
Classificatória. Análise de títulos referentes à formação acadêmica e experiência profissional do candidato.

¤ 4ª Etapa
Exame de língua inglesa (prova escrita, objetiva e dissertativa).

¤ 5ª Etapa
Avaliação preliminar de aptidão física e mental.

¤ 6ª Etapa
Classificatória. Exame de aptidão específica, entrevista em português, onde será avaliado o perfil do candidato de acordo com o "Perfil para a Atividade de Astronauta", definido com base nos critérios de seleção da Nasa.

¤ 7ª Etapa
Avaliação preliminar de adaptação em vôo (prova prática).

¤ 8ª Etapa
Classificatória. Exame de aptidão específica e conhecimento da língua inglesa (entrevista em inglês).

¤ 9ª Etapa
Avaliação avançada de adaptação em vôo (prova prática).

¤ 10ª Etapa
Avaliação detalhada de aptidão física e mental.

Durante o treinamento, o astronauta é submetido a condições de trabalho estressantes, incluindo participações em expedições que envolvem circunstâncias hostis (Antártica, submersão profunda, montanhismo, etc.) e expedições científicas com a condução de experimentos que envolvem riscos, manutenção de equipamentos delicados, desconforto físico e mental, monotonia e isolamento.

Mas nenhum astronauta é um “Super Homem” ou uma “Mulher Maravilha”. Qualquer que fosse a carreira anterior, todos demonstraram níveis de dedicação e paciência notáveis. Para cada hora que poderão estar no espaço, sabem que terão literalmente centenas, talvez milhares de horas em treinamento.

Mas eles sabem que vale a pena – e se você quer mesmo juntar-se a eles tem de pensar da mesma forma.


Astronomia e astrologia. Qual a diferença?

Os nomes podem até confundir, mas apesar da origem em comum são práticas muito distintas e é importante saber distinguir!

Se decidirmos descobrir através da morfologia (a formação de cada palavra), não iremos muito longe. Astronomia vem do radical grego nomos, lei, e astér, astros: lei dos astros.

Porém, astrologia também deriva de astér e lógos, colóquio, estudo: estudo dos astros. Então seriam sinônimos, isto é, palavras diferentes para significar uma mesma atividade?

Não. Astronomia e astrologia são hoje tão diferentes que não é exagero afirmar que a única coisa em comum entre as duas são as cinco primeiras letras de cada palavra.
A definição

* Astronomia é uma ciência exata que se preocupa com a origem, evolução, composição, classificação e dinâmica dos corpos celestes – todos eles. O astrônomo profissional é necessariamente alguém com formação superior, e seu trabalho inclui o domínio de Física e Matemática, aliado a um senso crítico aguçado e boa habilidade observacional.

* A astrologia dá ênfase apenas a um certo grupo de astros. Ela busca identificar uma relação entre suas posições e deslocamentos no céu e o destino e a conduta moral dos seres humanos. Apenas os astrólogos constróem horóscopos e mapas astrais. Seu trabalho está ligado ao aspecto místico que o Universo desperta no Homem, e não raramente os astrólogos são também praticantes de outras artes divinatórias.

A distinção hoje é clara, mas nem sempre foi assim. O nascimento da ciência moderna, fruto da teoria e observação, surge em meados do século XVI e início do século XVII, com os estudos do alemão Johannes Kepler.

Naquela época as estrelas eram consideradas perfeitas, eternas, e o próprio Kepler manteve durante toda sua vida uma relação ambígua com a astrologia. Ele se perguntava se não haveria aspectos ocultos nos céus que regessem o aparente caos do dia-a-dia.

Astronomia e astrologia possuem, portanto, uma origem em comum, movidas pelo mesmo fascínio que uma simples noite estrelada desperta em nós. Ambas coexistem hoje em relativa harmonia, mas seus praticantes têm formações diferentes e objetivos muito distintos que não convém confundir.

Astronauta ou cosmonauta? Qual é o certo?

Astronauta, cosmonauta... Qual a origem desses nomes?
Por que os chineses – e até os franceses – têm outro termo?

O ser humano é uma espécie que adora dar nomes. Gostamos de classificar coisas. De agrupá-las em conjuntos. De nomeclaturas. Entendemos que sem nome perdemos parte de nossa própria identidade.

Veja o caso dos planetas, por exemplo. Eles levam nomes das principais divindades gregas, como Júpiter e Saturno. Já os asteróides e cometas costumam ficar com os nomes de quem os descobriu; o astrônomo brasileiro Ronaldo Mourão é um deles.

Damos nomes a cada uma das crateras lunares. Elas homenageiam as pessoas que contribuíram para o progresso da humanidade, como o brasileiro Santos Dumont. Já em Vênus, decicimos que os nomes dados aos diferentes aspectos do relevo seriam exclusivamente femininos.

Cosmonautas, astronautas...
E como chamamos os homens e mulheres que viajam ao espaço? Astronautas? Na verdade a primeira designação surgiu com o russo Konstantin Tziolkosky (1857-1935), um autodidata que dedicava o tempo livre à dedução das teorias que mostraram porque os foguetes de múltiplos estágios e os combustíveis líquidos eram mais eficientes para as viagens espaciais.

Foi ele quem cunhou a expressão cosmonáutica para designar os que vão ao espaço, os “navegadores do cosmos”. Naturalmente o termo foi adotado pela ex-União Soviética para denominar o cidadão (de qualquer nacionalidade) que vai ao espaço por meio deles.

Os norte-americanos preferiram chamar os seus de astronautas, “navegadores dos astros”, termo que surgiu na França nos anos 30, com a publicação da obra L'Astronautique, de Robert Esnault-Pelterie, principal contribuição francesa ao estudo do vôo espacial na época.

Os termos astronáutica e astronauta se popularizam no Ocidente a partir daí. Mas chamar de astronauta um francês que viaja numa cápsula soviética não ficava bem. Por isso os cidadãos da terra de Júlio Verne chamaram seu compatriota Jean-Loup Chrétien (que foi ao espaço numa Soyuz T-6, em 1982) de espaçonauta. Mas esse termo simplesmente “não pegou”.

...E taikonautas
Em português, as palavras astronauta e cosmonauta continuam sendo as únicas utilizadas para se referir aos que vão ao espaço respectivamente por intermédio dos Estados Unidos e da Rússia (antes União Soviética). Mas essas não são mais as únicas nações do mundo que podem colocar alguém em órbita sem pedir ajuda a ninguém.

Desde outubro de 2003 a China entrou para o time. O primeiro viajante espacial chinês foi Yang Liwei, nome que já entrou para a história ao lado de Yuri Gagarin (russo, primeiro ser humano em órbita da Terra, 1961) e John Glenn (primeiro norte-americano, 1962). Mas adivinha só: os chineses também criaram uma denominação própria.

A palavra yuhangyuan deriva de uma das três palavras chinesas para astronauta. Mas é um termo muito difícil de falar no Ocidente. Talvez por isso a publicação Aerospace China passou a usar uma denominação bem mais simpática para designar seus viajantes espaciais: taikonauta, derivado da palavra chinesa taikong, que significa espaço ou cosmos.

No final de março de 2006 o brasileiro Marcus Pontes, Tenente Coronel da Força Aérea, vou a bordo de uma nave russa Soyuz para uma estada de 8 dias na Estação Espacial Internacional. A rigor, nosso pioneiro foi um cosmonauta e não um astronauta (apesar de também ter recebido treinamento em Houston, nos EUA).

Mas e se um dia, num futuro ainda distante, estivermos no mesmo time das nações capazes de enviar seres humanos para a órbita da Terra? Como deveríamos chamar os viajantes espaciais do Brasil?